O livro de Flademir Gonçalves Dantas é fruto da pesquisa que resultou em sua Dissertação de Mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2018.
Seu ator foi meu aluno na graduação e me procurou alguns anos depois para que eu orientasse seu trabalho de Dissertação. Mesmo assim, não me considero formadora de Flademir. Explicarei minha afirmação.
Flademir Gonçalves Dantas é Bacharel e Licenciado em História (UFRN, 2007); Bacharel em Direito (UFRN, 2017); Especialista em Metodologia do Ensino de História (UNINTER, 2011); Especialista em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido (IFRN, 2016); Especialista em Direito Público (UERN, 2018), Especialista em História Militar (UNINA, 2023). Ele também é Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; Primeiro Sargento Bombeiro Militar e autor dos livros “A Cidade em Chamas: o serviço de extinção de incêndios em Natal/RN (1917-1955)”, “Ressurgindo das Cinzas: o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (1955-1976)” e “Guerreiros da Paz: a Seção Contra Incêndios da Base Aérea de Parnamirim/RN (1942-1976)”.
Por isso, ressalto, que não foi a Pós-graduação que formou o pesquisador, mas ele com seus amplos interesses, disciplina de estudos e pesquisas e disposição para enfrentar as dificuldades e desafios de se embrenhar em meio a jornais antigos, arquivos das instituições e coletar livros raros que delineia Flademir Dantas como um exímio pesquisador.
Aliás, permitam-me uma outra observação, Flademir Dantas tem prestado um grande serviço, sistematizando dados em forma de narrativas sobre os bombeiros em Natal e no Rio Grande do Norte, como evidenciam os títulos elencados anteriormente.
Todas as vezes que conversava comigo sobre as publicações dos seus livros, começava sempre com uma afirmação que diferenciava o tipo de narrativa que fazia e, com isso, comparando-os aos feitos na Universidade, tinha um tom desqualificador dos seus trabalhos para o grande público. Um dia eu disse que não aceitaria mais tal afirmativa, que seria fundamental que ele refletisse sobre a importância de termos narrativas mesmo que considerássemos cronológicas-lineares e, até oficiais. Afinal, o que seria da crítica se não nos deparássemos com essas histórias-memórias que chegam para que construamos marcos e referências gerais?
Neste trabalho que temos em mãos, o autor conseguiu a proeza de reunir livros didáticos sobre a História do Rio Grande do Norte que estavam espalhados por bibliotecas várias, sebos e outros repositórios e que, por isso, não eram referenciados como didáticos.
O autor os reuniu, analisou seus formatos em comum, a destinação do público, a narrativa e recortou um tema para fazer comparações, interpretações e investigações específicas. O resultado foi este trabalho que frutificou de imediato na possibilidade de novos estudos. Emerson Naylton, também no PPGH/UFRN, se utilizou da contribuição colecionadora e analítica de Flademir Dantas e fez um novo estudo. Considero que se não tivesse nenhuma outra recompensa, só essa falaria muito da importância desse trabalho.
Mas, não é só isso. O trabalho agora transformado em livro pode ajudar a um sem-número de cidadãos potiguares, pesquisadores, professores, a conhecerem a miríade de autorias, formatos, editoras e narrativas de livros didáticos de História do Rio Grande do Norte em especial sobre os povos originários.
Para um estado que carrega a denominação de potiguar para os que nascem aqui e para os muitos que o adotaram como espaço de vivência e dedicação, a contribuição que ora se devolve à sociedade é venturosa, desejada, significativa.
Espero que as pessoas que lerem este livro entendam que seu autor tem escrito sobre instituições e materiais de publicização do conhecimento histórico, mas mais do que isso, ele tem pensado como os seres humanos têm pensado, agido e sentido em épocas diferentes sobre fenômenos diversificados e que, com isso, tem registrado a partir da sua ampla e diversificada experiências e reflexões as amplas possibilidades de atuação dos profissionais de História.
Flademir Dantas faz com competência o diálogo academia-sociedade e tem com isso provocado a todos nós discussões fundamentais sobre nossas obrigações como profissionais e como cidadãos. Desfrutem da leitura, mas também reflitam sobre acervos necessários para pesquisa, acessibilidade dos arquivos e bibliotecas, direitos que precisam ser garantidos sejam aos pesquisadores ou aos cidadãos que busquem na cultura letrada o diálogo com os saberes e experiência que todas as pessoas que vivem em sociedade comportam.

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Margarida Maria Dias de Oliveira