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José Wellington da Silva Pinto

Do chão da escola Gabriel Epifânio dos Reis – Icapuí (CE) – ao acervo imagético do Museu Jaguaribano de Aracati (CE)

Invenção secular, o Museu é daquelas instituições que atravessam o trabalho do professor/historiador. Ao mesmo tempo em que se apresenta como lugar de memória por excelência, a escolha de seu acervo e sua função pública nem sempre se coadunam com a demanda da sociedade, especialmente, quanto à dimensão da consciência histórica a tocar seus visitantes. A multiplicidade de suas origens e modelos tem sinalizado, paradoxalmente para muitos especialistas, antes a ausência de uma memória efetiva/afetiva, cuja existência de tais espaços museais seria um sintoma da ausência de História. Tema complexo, não há dúvida!
Entretanto, a urgência em refletir sobre o papel social dos museus no âmbito do ensino de História é um dos temas do livro de José Wellington da Silva Pinto. Experiente professor do Ensino Médio no município de Icapuí (CE), o autor partiu de uma problemática surgida em sua prática docente em sala de aula: o uso de imagens/fotografias do acervo histórico do Museu Jaguaribano de Aracati com o fim de promover um inovador processo de ensino e aprendizagem. “O tempo congelado por um click”, como diz o autor, seria um mote a promover a construção do sujeito a partir da práxis do objeto museal. Neste caso, a historicidade na construção imagética das fotografias ganha relevo na temática da Maçonaria Fraternidade do Aracati, cujos sinais de sua existência datam das primeiras décadas do século XX.
Dialogando com Pierre Nora, Maurice Halbwachs e Pollak, o autor se debruçou sobre a memória coletiva, os esquecimentos e silêncios seletivos da narrativa oral e os lugares de memória para construir um painel possível de onde podem partir os professores e professoras da educação básica. Ulpiano Bezerra de Meneses e Francisco Régis Lopes Ramos completam o quadro de reflexão quanto à dimensão pedagógica de tais instituições de memória para uso e apropriação significativos da consciência histórica de discentes em diferentes níveis de aprendizagem.
Ao elaborar junto com os seus alunos uma mostra de exposição fotográfica itinerante acerca da presença da maçonaria na bela cidade cearense de Aracati, o autor nos apresenta uma rica experiência de ensino a ser compartilhada com nossos colegas professores/historiadores no espaço escolar.
O livro ora apresentado, Do chão da escola ao acervo imagético do Museu Jaguaribano de Aracati – Ce, é fruto da dissertação de mestrado defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Programa de Pós-graduação, área de concentração “Ensino de História”, nosso querido PROFHISTÓRIA.
Diferente do que ocorre com as pesquisas no mestrado “convencional”, ditos acadêmicos, o resultado dos trabalhos no profhistória tem seu alcance imediato, partindo de problemáticas observadas pelos (as) docentes no espaço escolar, no chão da escola. Os discentes envolvidos no trabalho compartilham com o docente as nuances do processo de ensino e aprendizagem, tornando-se, bem entendido, parceiros diretos e fundamentais da História: tanto enquanto uma disciplina, a elaboração de um conhecimento construído sobre o presente/passado; quanto à história enquanto um processo, algo pertinente e palpável as suas vidas estudantis.
Ao envolver com sua temática, os alunos e alunas da escola de Ensino Médio Gabriel Epifânio dos Reis, na cidade de Icapuí (CE), José Wellington da Silva Pinto demonstra sensibilidade pedagógica e compromisso com o ensino. Que o leitor desfrute da leitura dessa obra, um misto de reflexão histórica e proposta pedagógica, nascido na prática docente, enfim, no chão da escola.


Da bela cidade de Nísia Floresta (RN), maio de 2023.
Prof. Lígio de Oliveira Maia – PPGEH/UFRN.

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